As próximas reformas que vão configurar um novo e alargado Centro Hospitalar Universitário para Coimbra constituem o contexto adequado para repensar a dinâmica e planos estratégicos das respectivas unidades/serviços que vão dar corpo a esse centro. Com efeito, a actividade científica representa uma valência crítica do quotidiano de qualquer unidade hospitalar universitária, conforme estabelecido no diploma que estabeleceu a criação dos novos centros hospitalares (Decreto-Lei nº30/2011 de 2 de Março), e que menciona que este processo vem “(…) acentuar a importância do ensino universitário e da investigação científica desenvolvida em algumas das unidades de saúde visadas, potenciando a aposta na colaboração e na coordenação com as instituições de ensino da área de influência das unidades de saúde que lhes deram origem (…)”.

Apesar de vivermos tempos em que os constrangimentos financeiros estão na ordem do dia, essas dificuldades não devem tolher as nossas ambições e expectativas, nem enfraquecer o nosso engenho e determinação na prossecução do objectivo último que deve nortear um complexo hospitalar desta natureza e dimensão: distinguir-se pela excelência da sua actividade, quer a nível nacional, quer internacional. É para nós evidente que essa excelência só pode resultar de uma equilibrada simbiose entre as actividades assistenciais e científicas (ensino/investigação). Qualquer serviço que ambicione verdadeiramente estar à altura e em consonância com a designação de “universitário” tem que necessariamente desenvolver estas duas vertentes. O reconhecimento da qualidade de um serviço, quer a nível intra-institucional, quer a nível da comunidade em que se insere e serve, está como não podia deixar de ser, indissociavelmente ligado aos resultados, eficácia e qualidade da sua actividade assistencial. No entanto, por muito importante que seja a vertente assistencial e, em última análise essa é a missão primeira de qualquer hospital, no caso particular de um hospital universitário, a verdadeira notoriedade e prestígio de um serviço resulta em grande parte da quantidade e qualidade da sua produção científica em termos do desenvolvimento e execução de projectos científicos e publicação dos seus resultados.

A qualidade das instituições é consequência directa e natural da qualidade dos recursos humanos que as corporizam. Só é possível pensar num futuro brilhante e promissor para os centros hospitalares universitários, em termos da sua projecção na sociedade, se chamarem a si os profissionais com mais competências e apetência para desenvolver a sua actividade nestas duas vertentes. Aliás, é nossa opinião que no futuro esse desenvolvimento não deve ser oportunístico e deixado ao acaso e boa-vontade dos profissionais, mas antes deveria ser concretizado e formalizado nas próprias regras contratuais. Isto é, qualquer médico a ser contratado para um centro hospitalar universitário teria necessariamente de aceitar a assumpção de obrigações assistenciais e científicas (ensino e investigação).

Assim, pelo atrás exposto fica evidente que a criação de um Núcleo de Apoio à Investigação em Psiquiatria (NAIP) se constitui como um importante instrumento na dinâmica e objectivos estratégicos do Serviço de Psiquiatria, podendo contribuir para uma mudança de atitude no que diz respeito à necessidade de desenvolver e aprofundar uma maior actividade científica nos mais diversos ramos da Psiquiatria.

Prof. Doutor António Ferreira de Macedo - coordenador

Dr. Vitor Santos;

Dr. Nuno Madeira;

Enfermeira Dulce Carvalho